sábado, 19 de março de 2011

Valores e Educação.


        Ao falarmos em “valores e educação”, é bastante comum a lembrança de um ato de disciplina, uma data comemorativa, algo que marcou nossa vida. Na escola, valores e educação, resumiam-se como sermões, lição de repressão, atos educativos.
         Mas essa questão é vista de modo mais amplo pelo ser humano, que valoriza coisas, pessoas, ações ou situações como boas ou más. Estabelecendo um valor subjetivo à realidade. Esse valor subjetivo pode até contrariar o grande valor objetivo que é a vida, como aqueles que se sacrificam pelos outros, por uma crença...
         Na educação leva-se em conta que uma fala, um gesto, uma prática, um comportamento, tem um valor diante da vida e da sociedade. O relacionamento do professor e aluno transmite valores que, em muitas vezes, influenciam mais na formação das crianças, do que as palavras em defesa deste ou aquele valor.
         Os valores formam alicerce que ajudam a construir nossa vida, com mais coerência entre o pensar, o falar e o agir. Se o ser humano acredita na igualdade de direitos e oportunidades para todos, então praticará ações que buscam esse objetivo. A posição do professor é transmitir posicionamento diante da vida, expressando valores em suas atitudes.
         Valor é tudo aquilo que desejamos ou rejeitamos, toda ação humana tem valores explícitos ou ocultos. Para realização desses valores na vida cotidiana, a Educação em Direitos Humanos, tem papel fundamental no século XXI, que é contribui para construção de uma cultura de respeito à dignidade humana em todos os indivíduos e em todas as circunstâncias.
         Todos os homens possuem direitos que garantem sua dignidade, mas mesmo reconhecidos os direitos fundamentais do ser humano ainda não são uma realidade para grande parcela da humanidade. Em muitos países, a identidade social é marcada pelo racismo, xenofobia, desigualdades sócio-econômicas e outras formas de exclusão. Promessas de felicidade são fáceis de dizer, porém ainda não superamos sentimentos e atitudes de intolerância que prejudicam a dignidade humana de grupos, classes sociais e povos inteiros. Daí surge o tráfico de crianças, discriminação da mulher, escravidão dos povos africanos, racismo, intolerância aos povos indígenas, marginalização dos estrangeiros nos países desenvolvidos, terrorismo... Tudo isso é efeito das condições miseráveis de milhões de pessoas.
         A ideia de dignidade humana, expressa na declaração dos direitos do Homem e do Cidadão que a identidade do civilizado é construída juntamente com as noções de selvagem e bárbaro.
         O respeito ao outro e a solidariedade se justificava pelos laços afetivos de uma grande família unidade na luta pela sobrevivência. A primeira importante ampliação da ideia de identidade humana se deu na cultura grega. A noção de ser humano foi estendida no horizonte da própria racionalidade. O homem entendido como animal racional alcançava sua plenitude na atividade reflexiva, na participação da vida política, mas esse protótipo de ser humano excluía a mulher, os escravos e todos os estrangeiros que não pertenciam à cultura grega: os bárbaros.
         No século XX, a Declaração Universal dos Direitos Humanos procurou considerar a dignidade, levando em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos.
         Entretanto, ainda está longe de se concretizar na prática o respeito à dignidade humana. O que se viu ao longo do século XX foram guerra, opressão e exclusão em forma de imperialismo.
         Hoje, com a globalização, temos consciência das grandes violações à dignidade humana, seja nas relações sociais, ou nas relações com a natureza danificada. Nessa crise global, surge a Educação em Direitos Humanos, com o propósito de contribuir para uma nova cultura histórica de respeito à dignidade humana e da vida em geral.
         Com a instalação definitiva da comunicação eletrônica (TV e computador), a diversidade das culturas, as desigualdades sociais e os problemas globais, que já existam na humanidade, estão cada vez mais expostos. O professor que trabalha com a Educação em Direitos Humanos deve pensar globalmente e agir localmente na escola, no seu bairro, na sua cidade...
         Boa parte da América Latina vive excluída do acesso à alimentação saudável, à educação, aos serviços de saúde e moradia e ao trabalho remunerado. Isso acaba inviabilizando, na pratica, a realização dos direitos à liberdade, segurança, e de respeito à diversidade e à individualidade.
         A proposta da Educação em Direitos Humanos são teorias educacionais que ajudam na formação da cidadania ativa individual e coletiva, capaz de organizar uma sociedade civil para transformação de uma sociedade democrática, igualitária e solidaria.
         Inicia-se essa educação pela autorreflexão do educador, questionando seus valores frente aos propósitos. Em todas as fases da vida o ser humano deve respeitado, como sujeito de direitos, podendo exercer sua cidadania ativa de participação nas atividades coletivas. Na escola, a criança poderá vivenciar, pela primeira vez, outra realidade social, nesse momento inicia-se o cultivo dos direitos humanos, estimulando a criança a perceber e valorizar a diversidade entre as pessoas em geral.
         Diante das atividades lúdicas, a criança pode identificar suas características físicas e as dos seus coleguinhas, com o objetivo de que eles são diferentes fisicamente. Então a criança desenvolve a percepção de variedades dos grupos sociais. A diversidade é a grande característica do mundo.
         A escola pode introduzir a criança na convivência social de respeito aos direitos humanos, através da liberdade e igualdade. È importante resgatar a solidariedade familiar e ampliá-la no ambiente escolar, visando fortalecer os laços de amizade e de afetividade entre os colegas de classe, buscando assim, um convívio onde todos se respeitam apesar das diversidades culturais.


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